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"CORPOS REAIS": A FALTA DE INCLUSÃO QUE AINDA EXISTE NAS REVISTAS DE MODA

Foto: Nicole Angelova | Unsplash

Este texto não tem o intuito de ofender e/ou difamar a imagem dos possíveis veículos mencionados. A intenção é refletir sobre como é hora de mudarmos não apenas a nós mesmos, como também o que consumimos, seja nas redes sociais ou nas revistas de moda.

Quando uma revista, uma marca ou uma personalidade levanta uma bandeira após críticas, sem ao menos ter um histórico de representatividade sobre determinado assunto, é incoerente e de mau-caratismo. Com isso, pessoas que até então desconheciam aquele veículo de comunicação passam a segui-los nas redes sociais, sem saber como eles trabalham e qual a qualidade de seu conteúdo. 

Não é novidade, é algo que vem acontecendo desde sempre e tem me feito pensar muito sobre o assunto. 

Um exemplo disso é a revista Vogue Brasil, que em maio deste ano, no ápice da pandemia de Covid-19, apresentou uma capa irresponsável e insensível intitulada "O novo normal" - vou deixar o vídeo da Lelê Santhana, criadora de conteúdo e fundadora do Das Modas, que explica de forma detalhada sobre essa questão e a importância de mudanças, principalmente em revistas de grande audiência. 

Gisele Bündchen - Foto: Vogue Brasil | Reprodução

Na capa, Gisele Bündchen posou vestindo roupas das grifes Prada e Chloé. A publicação ocorre no momento em que muitas pessoas estão morrendo ao redor do mundo, principalmente no Brasil.

Tanto a modelo quanto a revista afirmaram que sessão de fotos aconteceu antes da pandemia, em dezembro de 2019, e que o “novo normal” se referia à simplicidade da vida. Entretanto, se a revista tivesse sensatez e sensibilidade, adiaria a edição e adotaria o exemplo de outros veículos: um conteúdo leve, criativo e empático ao período.

Com essa publicação, inúmeras críticas surgiram em relação a revista. Internautas também começaram a questionar se o veículo seria para todos, especialmente para todos os corpos.

Como uma ação imediata, a revista parece ter mudado de uma hora para a outra, ou melhor, precisou mudar seus conceitos mesmo que isso não seja, de fato, sua essência. 

Tentando reparar e "abafar" o caso da edição anterior, e como forma de incluir seus leitores e dar voz a esses grupos, a Vogue Brasil lançou uma colaboração digital com o público intitulada "Paratodos: com o espírito de que a união fará a força da moda nacional".

Segundo a revista, o objetivo da edição é "construir pontes e promover o diálogo entre toda a cadeia da moda, que inclui agricultores, modelistas, costureiras, camareiras, estilistas, modelos, fotógrafos, maquiadores, reunindo 58 nomes de diferentes áreas da cadeia da moda nacional".

Uma das capas selecionadas foi da modelo Rita Carreira - uma mulher preta fora dos padrões da sociedade e da própria revista -, que posou nua em um terraço. As outras capas publicadas foram de extrema criatividade e consciência, algo que a própria revista não conseguiu atingir nesses meses.

Foto: Rita Carreira | Reprodução

Com a repercussão positiva em torno da nova edição, a Vogue Brasil levantou uma bandeira que até então não havia levantado em sua história. De repente, a diversidade de corpos apareceu sem mais, nem menos.

A falta de diversidade que encontramos nesse meio é extrema. Desta forma, muitas garotas enfrentam diversos problemas relacionados à sua autoimagem, já que não se veem e não se identificam com o que está sendo publicado, admirado e celebrado.

A expressão "corpo real" refere-se no corpo natural, ou seja, à sua forma de ser, o formato dele, independentemente de ser magro ou gordo. O corpo real é aquele nos faz sentir bem. Incluir corpos reais nas revistas de moda seria, nada mais, do que promover a diversidade e a identificação.

A falta de inclusão nas revistas de moda e no setor como um todo não acontece apenas na Vogue Brasil, muitos outros veículos de comunicação e marcas fazem o mesmo. Em pleno século XXI, deveríamos estar caminhando para um futuro mais inclusivo, mudando regras e padrões que foram impostos, já que eles nunca fizeram o menor sentido.

A todas as marcas: não levantem bandeiras nas quais não apoiam. É frustrante e desanimador. Façam por merecer, criando conteúdos de qualidade e que ajudem diversas garotas, como eu e tantas!

Caroline Saiter

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